quarta-feira, 30 de novembro de 2011

242

Dois Anos

Lembrou-se de quando algo cutucava seu interior
E ela distraía-se com a televisão
Atualmente não é mais sofrimento ou dor
Mas ainda sente-se melhor com o caderno na mão

Enquanto assistia ao programa semanal
Antes o desenho era a terapia
Não que hoje o desenho seja algo banal
Mas agora ela prefere a poesia

Agora sua memória confunde sua cabeça
E a coloca em algum outro mundo
Seus pensamentos estão às avessas
E se encontram em local profundo

São rostos que se embaralham
Com tipos diferentes de saudades
As diversas lembranças se espalham
Enquanto ela lembra que já está ficando tarde...

Marina Martins

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

241

Soneto da Alegria

Dizia no bilhete que ela partira
E que não sabia se iria voltar
Eu sentia tristeza, sentia ira
Não sabia como me explicar

Fiquei um tempo afundado em pensamentos
Sempre esperando a porta se abrir
Minha mente era uma confusão de sentimentos
Meu coração não sabia mais o que sentir

Mas um dia aconteceu o inesperado
A Alegria me voltava novamente
No aconchego de uma nova mulher

Finalmente me sentir de novo amado
E o final terminava com "felizmente"
Quando a Alegria rasgou aquele bilhete qualquer

Marina Martins

240

Peso

Se tudo importa
e todos se importam,
mas não se portam
e nem se comportam,
então melhor fechar a porta,
pois ninguém suporta
este tipo de suporte.

Marina Martins

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

239


Não gosto de nada que me remete a você

Não gosto de nada que me remete a você
Seja qualquer música ou filme
Seja qualquer vestígio de que um dia tive prazer
Quando você me beijava e me segurava firme

Não gosto de lembrar que vi você escrever
Versinhos de amor e poesia pra mim
Mas isso serviu para eu aprender
Que a vida não é feita de momentos só assim

Não gosto de olhar para algo e me lembrar
De que você um dia esteve perto
Dizendo que ia sempre me amar

E agora eu vivo escondendo esta tortura
De que meu coração não está mais aberto
A única coisa que restou foram suas rachaduras

Marina Martins

238

Eis a questão

Ser ou não ser?
O que ser
Ou não ser?
Ser o que
Quando crescer?
E não ser
Se não crescer?
Ser o que
E ser pra quê?
Ser somente por ser
Ou ser somente um ser?
Seja o que for?
Que seja!
Mas o que ser?

Marina Martins

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

237

Soneto de dança

Os pés descalços arrastam no chão
As mãos se balançam no ar
A barriga se mexe com a respiração
A boca inquieta quer cantar

Os olhos se fecham para ela sentir melhor
O corpo se move com calma
A mente acompanha o “lá-si-dó”
Os movimentos purificam sua alma

Pula e sente a gravidade
Rodopia e encosta no vento
Alegra-se como quando criança

Este instante da mais pura felicidade
É um simples e puro momento
Que depende de uns passos de dança

Marina Martins

236


Ignore

De que lhe adianta
as unhas vermelhas,
se ele nem vai vê-las?

E o batom na boca,
se ele não quer lhe deixar louca?

Para que arrumar o cabelo,
se ele nem vai percebê-lo?

E passas maquiagem,
se ele pensa que é bobagem?

Nem precisa levar seu celular,
ele não mesmo vai te ligar!

Mas por que tanta preocupação
com alguém que nem lhe nota
e nem lhe dá atenção?

Marina Martins

235


Com (não tanto) amor

Joguei fora o poema
de amor que dediquei a você.
Creio que não há tanto problema,
afinal você nem ia ler.

Não que isso me dê alegria,
não que me dê prazer.
Acontece que já está gasta a poesia,
de tanto eu escrever e você não ler.

Quando você se interessar
e quiser que eu escreva, pode pedir.
Mas quando esta hora chegar,
não sei se ainda vou conseguir.

Marina Martins

234


Mera coincidência

Os olhos sonolentos encaram os papeis
O corpo implora para dormir
As mãos escrevem poesia
Elas não querem fazer conta

Elas podem fazer de conta
Que matemática é como poesia
Vem com a inspiração
E qualquer coisa vale a partir de então

Marina Martins

233


Não invente

Mente
quem diz que
sente
que a gente não é
diferente.

Marina Martins