terça-feira, 16 de março de 2010

"Ele e ela" - O primeiro de muitos


Após um beijo, ela diz, na maior calma:
-Tchau.
Sorri um sorriso bonito e simpático, vira as costas e começa andar. Para ele, isso não fez sentido, então ele resolve protestar.
-Espere! Aonde você vai?
-Ué, vou embora.
-Mas... assim, de repente?
-O que é de repente pra você? Tenho que ir!
-Mas... ir pra onde?
-Ainda não sei, mas quando souber mando notícias!
E vira-se de novo. Ele não se conforma e protesta novamente.
-Não! Você não pode ir assim, sem mais nem menos.
-Por que não? Quero descobrir logo pra onde vou!
-Então pelo menos me leva com você, prometo te ajudo a descobrir!
-Por que? Não posso ir sozinha?
-Não! Não quero que você vá embora.
-E por que não?
Ele ficou em dúvida, mas respondeu, inseguro.
-Porque... te amo.
-Me ama? Como pode ter tanta certeza após um beijo apenas?
-Não sei...
-Não sabe se me ama ou não sabe se tem certeza?
-Não tenho certeza se te amo.
-Então como pode afirmar que ama?
-Não posso afirmar, mas posso dizer.
-Você pode afirmar, se quem disse foi você.
-Não quando não tenho certeza.
-Entendo... agora deixe-me ir, tenho hora marcada com o destino!
Dessa vez ele não se demorou em seus pensamentos e, rapidamente, protestou.
-O destino está ocupado hoje, deixa pra amanhã. Assim você tem mais tempo pra decidir se ir embora é o que você quer.
-Mas estou decidida!
-Então só decida pra onde vai, aí eu deixo você ir.
-Não quero! Deixa que o destino decide por mim.
-Mas você falou que você queria decidir, que queria ir sozinha!
-Mudei de ideia. O destino me ajuda.
-Posso substituir o destino então?
Ela ri carinhosamente e o olha nos olhos.
-Por que você não quer que eu vá acompanhada do destino?
-Tenho ciúmes dele. Tenho ciúmes de qualquer um que te acompanhe.
-Por que ciúmes?
-Posso não ter certeza de que te amo, mas tenho certeza de que gosto de você. Ou pelo menos gostei. Gostei muito. Como gostei!
Ela estranhou a empolgação dele e riu.
-Desculpe, só me empolguei. Falando nisso, você se empolgou ao me beijar?
-Não, acho que não...
-Então quer dizer que você beija a todos como me beijou?
-Não, acho que não...
-Por que não?
-Porque provavelmente eu gosto de você também.
-Está vendo porque não quero que vá?
-Por que nos gostamos?
-Claro! E porque quero ter a chance de poder te amar.
-Você pode me amar, mesmo quando eu for embora.
-Mas quero ter a chance de poder afirmar que te amo.
-Você pode afirmar isso.
-Quero ter a chance de dizer isso a você.
Ela sorriu e seu sorriso cintilou nos olho dele.
-Bem... sendo assim, eu fico.
-Não!
Ela ficou surpresa com a resposta dele.
-Não?
-Não!
-Como assim? Você não quer me ter por perto?
-Sim! Mas não quero que fique. Quero que vá, mas não que vá sozinha. Ou com só com o destino. Entende?
Ela refletiu por um instante e sorriu novamente.
-Acho que estou entendendo. Você não quer que eu fique, mas não quer que eu vá embora só com o destino. Então, vamos ver se entendi bem... vamos fugir? (falou, no ritmo da música)
Ele sorriu, mas nada respondeu. Quem falou foi ela.
-Fugir não, pois eu não estou escondendo de ninguém que vou embora.
-Então deixa EU fugir com você.
-Sim, por que não te acompanhar na SUA fuga?
-Não vejo porque também!
-Mas só com uma condição!
-Qual condição?
-O destino vai ter que poder ir conosco!
-Bom, com tanto que eu esteja junto com você, dizendo que te amo... para mim está tudo bem!
Os dois sorriram, se olharam, se abraçaram e deram as mãos para seguir o caminho que o destino os guiaria. E assim foram, cantando e gargalhando uma gargalhada que só os apaixonados sabem dar, com um brilho nos olhos que só os apaixonados tem, para onde quer que fossem, sem carregar nada material (fora as próprias roupas), só carregando sentimentos... MUITOS sentimentos!

Marina Martins