sábado, 29 de dezembro de 2012

310

a pesar

apesar
dos
pesares
o que
pesa
são
os ares.

Marina Martins

Quase um apelo

Não, Nina, dessa vez não é o calor que está fazendo você se sentir mal. Não dê para você mesma essa desculpa e entenda o poder que as palavras tem sobre você. É duro, tão duro quanto para uma pessoa conseguir perceber, ou no mínimo entender, que errou. É duro, porém real.

É muito fácil, Nina, errar. Difícil é reconhecer os erros.

M.M.

Com a minha licença...



“Mas falta uma coisa. Eu vou tê-la. É uma espécie de liberdade, sem pedir licença a ninguém.” – Clarice Lispector


Finalmente, percebo que posso conhecer tal liberdade. Não é porque daqui a menos de uma semana é ano novo (época em que a maioria das pessoas costuma pensar que tudo irá mudar em suas vidas), mas sim porque agora poderei seguir um novo caminho, aquele que escolhi de acordo comigo e com meus interesses. É também uma liberdade onde me permito ser egoísta e pensar em mim. Apenas em mim.


Enfim consigo imaginar como deve ser trilhar o meu rumo, construir e manipular o meu destino, obedecer às minhas cobranças e de mais ninguém. Estou livre para sentir medo. E esse medo não é aquele pavor do que irá acontecer, de “será que vou conseguir”... não, nada disso. É um medo distante, um frio na barriga esquisito e gostoso, que olha para o futuro e tenta encontrar algo definitivo no pensamento, mas não consegue.


Tenho mais dois meses de (quase) total liberdade e então serei livre para pensar mais em mim e tentar parar de se (pre)ocupar tanto com os outros. É bom eu me dar a licença para ganhar uma liberdade de me encontrar e me conhecer mais. E essa liberdade apenas eu tenho o direito a me dar permissão. E, assim, vou encontrando meu mundo. Ou então, como Clarice, vou aos poucos descobrindo o mundo.


“Mas há a vida que é para ser intensamente vivida, há o amor. Há o amor. Que tem que ser vivido até a última gota. Sem nenhum medo. Não mata.” – Clarice Lispector

Marina Martins

Silêncios



De repente, aquela união de letras a faz sentir um desagradável frio na barriga. Há frios gostosos, daqueles de quando estamos esperando uma notícia ou alguma coisa boa, daquele de quando nos apaixonamos... mas também há os frios que sentimos quando temos raiva, quando vemos (ou lemos) algo que nos desagrada tão profundamente, que nosso corpo todo se modifica. Então, as lágrimas que você andava evitando gastar relacionadas a tal assunto específico são lançadas para fora de seu corpo, sem você ter tempo de sequer tentar controlá-las. O frio na barriga parece tomar conta de todo o seu corpo e você chega a tremer. O rosto se fecha em uma expressão dura e carrancuda, os lábios cerram, os dentes rangem, as narinas se abrem. Para qualquer outra pessoa, aquelas palavras não significam nada, absolutamente nada. Mas, para você, são um tipo de traição, uma demonstração suja de um jogo ridículo que duas pessoas estão tentando fazer e você não consegue entender o motivo. Mas é claro, você é boa demais para fazer alguma coisa. Você não ia conseguir jamais dizer tudo o que pensa àquelas pessoas. Só que você está se preparando para mudar. Você está deixando o tempo correr e vendo até onde vai o silêncio, você está esperando para ver o que vai acontecer. Porque se acontecer o que você teme e pensa que pode ser possível, das duas uma: você vai enfrentar o medo das palavras faladas e vai falar o que pensa ou você vai se calar, apenas se calar e escrever. E daqui em diante tentar esperar menos das pessoas, para poder se decepcionar menos em sua vida. É difícil e triste aceitar, mas você é uma das poucas pessoas que ainda pensa nos outros.

Marina Martins

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Show de bola, inspiração!

A pessoa reclama que não escreve há tempos. Quando a inspiração chega até ela, ela está na cama, prestes a dormir, e com preguiça demais para se levantar e escrever naquele momento. Resultado: um novo dia se inicia e a pessoa esquece da Idea (que, por sinal, era boa) que teve à noite passada. Como eu amo isso.

Marina Martins

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

309



Das datas em que se comemora

E me chega de repente
A nostalgia de Natal
O sentimento distrai minha mente
E meus pensamentos fogem ao natural

Não é algo que eu saiba explicar
Talvez por ser puramente um sentimento
Mas sinto que algo está a faltar
Ou alguém, em certos momentos

Creio que a falta de sua presença
(Aquela que está em corpo de verdade)
Me faz conhecer a essência
Do que posso chamar de saudade

Marina Martins

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Ninoca virando Marina


Espaço Educação, terceira série, 2004, época em que os amiguinhos começam a criar e-mails e usar mais a internet. Um belo dia chego ao meu pai dizendo que desejo criar um e-mail também, “todo mundo já tem, pai! Cria um pra mim?”. Decidido a me inserir no mundo virtual, meu pai sentou comigo e começamos a conspirar sobre qual poderia ser o endereço. Marina Martins, Marina Nunes, Nina Martins, Nina Nunes, variações de todos esses com pontos, hífens e underlines no meio... nada disponível. Foi então que meu pai ou eu, não me lembro agora, mas alguém veio com a brilhante ideia de fazer com Ninoca Nunes. E-mail único, exclusivo e super criativo, ninguém nunca teria igual. Os anos foram passando, e aos poucos o ninocanunes começou a ser um e-mail do passado, que as pessoas achavam engraçado, muitas vezes impróprio a certas situações, “não repara no meu e-mail, fiz quando tinha nove anos!”. Passei metade dos meus anos de Espaço Educação acompanhada pelo ninocanunes e minha vida de Escola Parque inteira com esse e-mail. Ele esteve presente nos momentos em que mais esqueci dele e o troquei por MSN, quanto nos momentos em que mais precisei utilizar e-mails e a acessá-los com mais frequência. Ano que vem estarei na faculdade, então resolvi criar uma nova conta no Gmail, agora com nome de adulta. Confesso que senti uma esquizitice passando pelo meu corpo ao informar que o ninocanunes está em processo de esquecimento e, quem sabe um dia, deixará de existir. Por enquanto, a Ninoca ainda acessa o tradicional e-mail de oito anos, mas um dia, existirá apenas o de gente grande. Agora os tempos de MSN e Orkut passaram, junto com os tempos de joguinhos no Fliperama (era esse o nome, né?), no Orisinal, vestir bonequinhas no Dolls (ou em qualquer um do gênero), ser uma boneca no Stardoll... agora apenas Facebook, meu blog e o novo e-mail. Pois é, estou virando adulta. O ninocanunes pode até desaparecer, mas a Ninoca aqui (que hoje pintou o muro da Escola como forma de despedida), nunca. Começo a me despedir do ninoca, mas nunca da Ninoca. Esta estará sempre dentro da Nina, da Marina e de qualquer outra delas que existem em mim.

Marina Martins (ou Ninoca Nunes)