sexta-feira, 30 de março de 2012

"Besta é tu"

"O Amor é finalmente um embaraço de pernas, união de barrigas, um breve tremor de artérias.
Uma confusão de bocas, uma batalha de veias, um rebuliço de ancas*, quem diz outra coisa é besta."

Gregório de Matos

*ancas = quadris

quinta-feira, 22 de março de 2012

Rapidinhas


Antes uma camponesa perdida em um campo do flores, do que uma florista perdida entre tantos (des)amores.

Coincidência ou não, melhor acreditar nos amuletos de proteção.

É proibido pensar 
Antes de dormir, pensar no que, nele, te tranquiliza. Não no que te dá raiva.

Marina Martins

277

“De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento”

-Trecho do "Soneto de Fidelidade", de Vinicius de Moraes.-

“Mas que seja infinito enquanto dure”

Encontro-me completamente apaixonada
E como você, por cada parte sua.
Deitada ao seu lado, já não preciso mais de nada,
Senão olhar sua beleza, na pureza mais crua.

Se o tenho em meus braços, nada mais eu peço;
Mato a sede com sua saliva e alimento-me de nosso amor.
Com seus carinhos e beijos, eu me entorpeço,
Renovo-me como um desabrochar de flor.

Se o dia já acaba, anseio por novamente
Grudar em você sobre meu colchão,
Mas enquanto isso, meu corpo reclama.

Tenho que esperar para completar-me de contente
E ter-lhe nos momentos mais íntimos de paixão.
Espero ansiosa, então, pelo final da semana.

Marina Martins

276


Fugindo de ironias

Descrevo-te através de metáforas
Pois não há como não haver comparações
Então crio-te um apelido e transformo-te em antonomásia
Mas não há falta de nomes para uma catacrese

Não me importo que haja hipérboles
Em relação às onomatopeias do amor
Meus lábios beijam os seus em metonímia
E nossos sentidos aguçam em sinestesia

Mesmo que, às vezes, haja alguma antítese
Ou até algum ilogismos, paradoxos
O meu amor por você é gradação crescente
E dizer que te amo é um certo eufemismo

Glossário:
Antonomásia – chamar a pessoa por um apelido
Catacrese – exemplo: “pé da mesa”
Metonímia – a parte pelo todo
Sinestesia – mistura de sentidos
Antítese – ideias opostas
Gradação – exemplo: “ficou morno, quente e queimou”

Marina Martins

275


(Des)espero por passar

Vida escolar que me tortura,
não consigo, assim, pensar em minha sorte.
É apenas um ano, preciso ser forte,
mas o estresse me deixa insegura.

Sinto-me como uma prisioneira,
passando meus dias onde não desejo estar.
Acham que, para passar no vestibular,
essa é a única maneira.

Acontece que não consigo ter atenção
em uma sala desconfortável e fechada,
onde não suporto certas matérias.

Este sistema de (não) educação,
deixa-me, às vezes, descompensada
e a ansiedade me sobe pelas artérias.

Marina Martins

274

Fases que já não voltam

Vejo o tempo passar
Dez anos depois
Estou no mesmo lugar
Onde estava em 2002

Mesmo que a casa seja diferente
O Espaço é quase o mesmo
Vejo minha infância à minha frente
Minha vida não passou a esmo

O corpo já não é mais de criança
Mas como o coração, a alma continua
Percebo, com todas as lembranças
Que tenho fases, assim como a lua

Marina Martins

segunda-feira, 19 de março de 2012

273


Rancorosa Poetisa

Parece que suas mãos são levadas pela caneta
E esta não sai de cima do papel
Ela escreve sobre as insatisfações com o planeta
E descreve um castelo, um bordel

Ela tenta falar bem do amor
Mas parece que até a caneta é contra
Ela começa a escrever todo seu rancor
E de brigar com a caneta, quebra sua ponta

Ela levanta e pega outra escrivã
Volta, então, a debruçar-se no caderno
Só que pensa apenas em coisas vãs
E sua inspiração vira um inferno

Se deu conta enfim, de que o problema era seu
É que a desgraça já tinha sido feita
O que, naquele momento, ela percebeu
Foi que precisava trocar de amor, não de caneta

Marina Martins, em Corrêas.