Outro dia, escrevi sobre a neurose alimentícia que
está rolando aí pelos Facebooks e Instagrans da vida. Hoje, vou falar de uma
outra neurose, mais para uma futilidade absurda, que são aplicativos
relacionados a “relacionamentos” e citarei três, porque só conheço esses. Quero
deixar bem claro que tudo o que vou escrever são opiniões minhas e não verdades
absolutas.
Primeiro, vou falar de um aplicativo que a maioria das
pessoas nem sabe que existe, e eu só conheci porque uma professora comentou em
uma aula. Eu nem sei o nome dele, mesmo tendo procurado no Google com o meu
namorado, mas vou dizer do que se trata. A gente chamou de “rastreador de
namorado”. Ele funciona assim: você baixa o negócio – que nem existe mais na
PlayStore do Android ou na AppStore do iPhone, pois já foi proibido mais de uma
vez – no celular do seu namorado. A gente conseguiu baixar no Google mesmo. Assim,
você cadastra o seu número no aplicativo e recebe mensagens com tudo o que ele
faz: para quem envia cada mensagem, para quem liga, quando o celular está
desligado, sem serviço, enfim. E funciona. A gente testou e eu recebi tudo. E a
coisa não para por aí: tem, ainda, a opção de você ESCONDER o aplicativo para o
seu namorado não ver que ele existe – mas, para isso, tem que pagar. Quando o
meu namorado foi apagar o aplicativo, achou o dito cujo enfiado no sistema do Android,
como se fizesse parte do celular. Pois é, gente. Isso existe. E, para mim, isso
foi o extremo da neurose tecnológica. A gente se assustou seriamente.
O segundo aplicativo é o famoso Tinder, que nada mais
é do que uma página de relacionamentos, como aqueles sites que existem por aí. Com
a diferença de que ele conecta com o seu Facebook e procura pessoas que estejam
perto de você ou com amigos em comum – me corrijam se eu estiver errada. Há um
mês, o aplicativo estava bombando, mas agora percebo que a modinha já passou um
pouco para algumas pessoas. Para mim, o Tinder é a doce ilusão de que você vai
arranjar um namorado bonitinho pelo celular. Com sorte, essa ilusão dá certo,
mas, na maior parte das vezes, não sai nem do chat. Você julga um indivíduo em
um movimento feito com a ponta do dedo. Eu acho isso uma loucura! Confesso que
às vezes brinco de Tinder com uma amiga minha, fico do lado dela dando xizinnho
ou tiquezinho e até me divirto. E talvez, se eu fosse solteira, eu até baixasse
o aplicativo. Mas isso não impede que eu ache uma futilidade só.
Por último, vou falar da futilidade mais recente: o
Lulu. Também com o meu namorado, baixei para ver o que era. Ficamos chocados. Eu
“descobri” coisas de pessoas nada a ver e de gente desconhecida também. Agora,
vou listar tudo de errado que tem com o próprio erro que é o Lulu.
1. O aplicativo diz algo como “Ta a fim de alguém?
Veja que ele não é tão perfeito assim”. Ok. ATÉ PARECE que se eu estivesse a
fim de alguém ia ver o que as meninas falam dele para ver se valeria realmente
a pena correr atrás do cara. Faça-me o favor, né? Não consigo imaginar alguém
desistindo de ficar com o cara dos sonhos por causa da opinião alheia. Até porque, eu não daria a menor credibilidade aos hashtags que lá estariam. Desculpa
se você que está lendo isso é tão dependente do julgamento tosco dos outros,
mas eu acho isso inimaginável.
2. Lulu parte do princípio de que todas somos
heterossexuais. No começo, achei que era um aplicativo em que não só as
mulheres escrevessem sobre os homens, mas o inverso também. Depois descobri que
não era. Enfim, fui pesquisar o nome de uma amiga para ver se tinha algo dela,
só para poder zoar, e Lulu não deixou. Pois é, mulheres. Se quiserem usar o
Lulu, não sejam lésbicas nem bis.
3. Lulu é uma superexposição dos homens. Achei um
absurdo o fato de que os caras não autorizam um perfil no aplicativo e qualquer
uma escreve o que quiser sobre eles. E eles só descobrem que escreveram algo ou
que visitaram seu perfil quando criam uma conta. Ah, e tudo no anonimato,
claro.
Concluindo, eu amo a tecnologia e dependo
completamente dela, pois hoje não me imagino sem computador, celular,
televisão, e por aí vai. Por outro lado, principalmente a Internet é uma porta
aberta para idiotices, neuroses, chatices e futilidades. Esses são só alguns
exemplos de cyberfutilidades, que dão
espaço ao controle do outro, como o primeiro que citei, e estimulam pré-conceitos,
como os dois outros. Deletei o Lulu imediatamente e usei o mesmo dedo que joga
pessoas fora no Tinder para virar as páginas de um livro.
Marina Martins (em um momento radical)