Depois de longos anos se encontraram novamente e estavam no mesmo lugar onde se conheceram. Não sabiam o que falar, não sabiam o que fazer. Só estavam de mãos dadas, em silêncio. Ele olhava para ela e ela olhava para o nada. Até que ela respirou fundo, resolveu quebrar o silêncio e falou, ainda sem direção em seu olhar.
-Pensei que nunca mais fôssemos nos ver outra vez.
-Que estranho. Isso não é de você. Seus pensamentos vão sempre além da mente...
-É. Mas chegou numa certa hora que eles ficaram por lá mesmo. Fazia tanto tempo que eu não te olhava nos olhos. - E olhou nos olhos dele.
-Ainda bem que os pensamentos ficam lá, mas a vida está aqui fora. E o que parece impossível... pode acontecer.
-E ainda bem que meus sonhos são mais fortes e perseverantes e vão mais além do que meus pensamentos.
-O que você quer dizer com isso?
-Que sonhei diversas vezes com você desde que você foi embora.
-Eu também. Não te encontrava ao-vivo, mas pelo menos nos víamos todas as noites através do meu inconsciente.
-E do meu também.
-Que bom. Isso quer dizer que, mesmo sem sentir, a gente se encontrou várias vezes.
-É. E ainda bem que, mesmo que eu pensasse que não íamos nos ver novamente, meu inconsciente não desistiu de me fazer acreditar em meus sonhos. E ainda bem que alguns sonhos se realizam, por mais distantes que eles pareçam ser.
-Ainda bem.
E deram um beijo saudoso e apaixonado, que dizia mais do que mil palavras e mostrava mais do que mil gestos. Com o beijo, queriam dizer e mostrar, simplesmente, “Eu te amo. Nunca mais vou me afastar de você.”
Marina Martins
Um comentário:
Eu chorei nesse, Nininha. Adorei mesmo. Senti que eu mesma poderia ser "ela".
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