sexta-feira, 8 de julho de 2011

Doença correspondida


Ela me dizia que o céu estava lindo, mesmo quando estava nublado. Ela me dizia que a praia estava calma, mesmo num domingo ensolarado ao meio-dia com mar revolto. Dizia que o clima estava agradável, mesmo num Rio de Janeiro, em janeiro, no auge do verão. Achava que todos que passavam na rua eram e estavam lindos, mesmo com a roupa mais feia e cafona possível. Dava gorjeta ao vendedor do quiosque, mesmo com o preço do coco tendo aumentado para quatro reais. Ela não se abalava e não se estressava mais com nada. Perguntei a ela o que estava acontecendo, se ela estava cega, surda ou doente. E até para mim tudo ficou mais bonito quando ela disse: “Não estou doente. Só estou apaixonada”. E sorriu.

Marina Martins

Nenhum comentário: