Vamos lá, queridos e queridas, primeiramente um pouco de
história (fonte mais simples possível: Wikipedia).
A ideia de criar o Dia da Mulher surgiu nos primeiros anos do
século XX, nos Estados Unidos e na Europa, no contexto das lutas femininas por
melhores condições de vida e trabalho, bem como pelo direito de voto. O Dia
Internacional da Mulher e a data de 8 de março são comumente associados a dois
fatos históricos que teriam dado origem à comemoração. O primeiro deles seria
uma manifestação das operárias do setor têxtil nova-iorquino ocorrida em 8 de
março de 1857 (segundo outras versões, em 1908), quando trabalhadoras ocuparam
uma fábrica, em protesto contra as más condições de trabalho. A manifestação
teria sido reprimida com extrema violência. Segundo essa versão, as operárias
foram trancadas dentro do prédio, o qual foi, então, incendiado. Dia 8 de março
de 1917, trabalhadoras russas se manifestaram por melhores condições e vida e
trabalho, sendo violentamente reprimidas. Nos países ocidentais, o Dia
Internacional da Mulher foi comemorado no início do século, até a década de
1920. Depois, a data foi esquecida e só foi recuperada pelo movimento feminista
na década de 1960. Hoje em dia, a data não tem mais seu sentido original, tendo
adquirido um caráter festivo e comercial.
Pois bem, por que eu quis colocar historinha de Dia da Mulher
aqui? Porque muita gente não sabe o motivo dele existir. Então, todo 8 de março
eu faço questão de deixar claro que essa data tem história, tem simbolismo e,
acima de tudo, tem luta. Não é uma data pra gente falar “ah, mas dia da mulher
é todo dia, não precisamos de data certa”. Querides, que todo dia é nosso dia, isso
é óbvio. Mas precisamos dessa data sim! Esse dia foi determinado para que a
gente nunca esqueça o que as mulheres do passado já fizeram pelas mulheres do
presente e do futuro e que nossa luta não pode parar. As datas existem para que
a gente nunca se esqueça da importância de um fato e o Dia Internacional da
Mulher está aí para isso.
Então, eu deixo aqui minhas reflexões e meus pedidos.
Primeiro, às moças.
Manas, que a gente não se esqueça que a luta não pode parar. Que sejamos
eternamente gratas pelo que nossas mulheres já fizeram por nós e que nós demos
continuidade a isso. Que a gente aprenda que, juntas, somos mais fortes. Não
adianta de nada nós competirmos umas com as outras. Nós temos de entender que
as outras mulheres não são uma competição, elas são o que vai te manter em pé
quando a sociedade quiser te derrubar. Que as nossas trocas de olhares não
sejam plenas de julgamentos e pré-conceitos, mas sim de cumplicidade. Que a
gente veja na outra uma companheira de luta. Que a gente entenda que somos
livres para escolher. Escolher a roupa que usamos, as pessoas que beijamos, os
pelos que tiramos. E que nada disso seja motivo para que a gente se distancie,
e sim que a gente se aproxime, pois, nos apoiando umas nas outras, somos
gigantes. Que a gente entenda que, mesmo dentro do nosso movimento, ainda
existem mulheres com mais privilégios do que outras. Infelizmente. Que a nossa
voz grite mais alto do que a de qualquer machista que já tentou nos silenciar. Eu
sou eternamente grata às mulheres conhecidas e desconhecidas que me fortalecem
a cada dia, mesmo quando parece que não há mais esperança. Que a gente ame
nosso corpo e respeite o de nossas irmãs. Nosso corpo é nosso templo, é o que
nos move, é o que abriga nossa alma e nossa mente, cheias de questões,
indagações, angústias, alegrias... nós temos que aprender a amá-lo seja ele
como for, se enquadrando ou não em um padrão de beleza opressor. E que a gente se
desprenda desse padrão, pois nossa beleza não pode ser determinada ou
padronizada. Que a gente aprenda que a beleza está na diferença e que esta não
deve ser apenas aceita, como celebrada. Eu só queria dizer que tenho muito orgulho
de ser mulher. Por maior que seja a nossa dor, por mais sofrida que seja a
nossa luta, eu encho o peito para dizer que faço parte dela. Porque eu não
quero o melhor para mim, mas para todas nós. E é isso que eu desejo nesse dia.
Agora, aos rapazes.
Por favor, respeitem as mina! Por favor, chega de diminuir a
nossa causa, ignorar a nossa dor, transformar tudo em TPM, em mimimi... Ouçam o
que nós temos a dizer! Historicamente, a voz sempre foi de vocês. Então, eu
peço encarecidamente, calem a boca de vez em quando. Às vezes, vocês não
entendem a mulher pelo simples fato de não escutá-la. É muito difícil discutir
com pessoas que querem falar sozinhas e nós mulheres sofremos muito com isso
quando tentamos dialogar com homens. Compreendam o lugar privilegiado de vocês,
simplesmente por terem nascido homens. Não diminuam as mulheres. Não diminuam
nossa luta. Isso é horrível. Vocês nunca nos chamariam de loucas, histéricas,
surtadas e tagarelas se apenas se calassem para ver o que temos a dizer. Eu
garanto que nenhuma de nós precisaria gritar se vocês nos dessem a honra da
palavra.
*E, antes que alguém, fale... sim, a gente sabe que nem todo
homem é assim. Ainda bem que existem exceções, ainda bem mesmo. Tanto que a
gente torce para que, um dia, essa exceção se torne regra e nada disso precise
ser dito.*
Eu quero desejar um feliz dia a todas as mulheres. Todas, sem
exceção. Que a nossa união prevaleça. Que nossa voz seja ouvida, nem que a
gente tenha que se esgoelar. Mas se o grito nos fizer perder a voz, que a gente
respire fundo e a recupere. Feliz dia de luta.
Marina N. Martins
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