sábado, 19 de maio de 2012

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Nas melancólicas lágrimas que solto

Nas melancólicas lágrimas que solto
E que engulo o gosto de seu sal
E que, quente, percorrem meu rosto
E que afogam-me
Em uma aflição que poucos entenderiam

Talvez nem uma amiga
Talvez nem sua própria mãe
Quem sabe uma personagem de filme

Às vezes sinto-me a própria personagem
Que sofre pelas coisas poucas
Mas que pra ela são enormes
E talvez sejam mesmo grandes
De certa maneira

Pelo menos olho no espelho e me vejo bonita
Nem as olheiras conseguem mudar isso
Ou mesmo as lágrimas que escorrem

(sentia saudades de me sentir bonita
como ando conseguindo me sentir ultimamente
só não sei como)

A melancolia é quase nada
Talvez nem poderia ser chamada de melancolia
Mas melancolia é mais poético
Do que a mera tristeza ou aflição

Imersa em uma poça de lágrimas
Esquisitas que de vez em quando me visitam
Respiro através das palavras
De repente elas conseguem me resgatar

Marina Martins

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