domingo, 13 de maio de 2012

"Superassessores midiáticos de si mesmos"



"(...) As pessoas querem empurrar seus narcisismos goela abaixo de outras pessoas que elas mal conhecem, ou não conhecem absolutamente. (...) Mas fico sempre perplexo a cada vez que um “amigo” desconhecido publica no meu mural uma venda de si mesmo, às vezes sem sequer se dar o trabalho de disfarçar a autopromoção com uma nota de intimidade. Vai a seco mesmo, sem vaselina. 
(...)
O ego spam é diferente. Nele, não são os produtos que se deseja promover, mas a própria pessoa que o pratica. E a relação que se pretende estabelecer não é apenas a de compra e venda, em que não existe subjetividade, mas uma relação imaginária. Isso torna a invasão de privacidade mais radical. O que o praticante de ego spam deseja é ser reconhecido, admirado pelas pessoas cuja privacidade ele invade. Num mundo onde se tem alguma noção das diferenças e dos limites entre o público e o privado, as pessoas fazem realizações públicas e por meio delas conquistam a admiração dos outros. Um artista cria a sua obra e a lança no mundo. Essa garrafa boia no mar do público, para que a recolha quem quiser. Esse é o mundo bom: uma esfera pública forte reúne e dissemina as realizações humanas, e cada um aproveita dela o que quiser. 
(...)"

Trechos do texto "Ego spam", de Francisco Bosco, publicado no Globo na última quarta-feira, dia 9 de maio.

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