segunda-feira, 11 de junho de 2012

Freud explica?


Ela encontrava-se deitada em uma cama de solteiro sem nenhum lençol ou algo parecido. Vestia uma longa camisola branca, que cobria os braços e as pernas. O quarto era um quarto comum, no entanto, aflitivo. Talvez para qualquer outra pessoa, não fosse aflitivo, mas a deixava aflita. Ela tentava gritar, mas o grito não saía. Ela abria a boca e forçava a garganta, que ardia, mas não conseguia gritar. Forçava mais e mais seu corpo inteiro, de maneira que sentia até dor na barriga, mas o grito não saía. Ela suava frio, estava nervosa e começava a se debater na cama; socava o colchão. Mesmo assim, ninguém escutava. Escutariam se ela pudesse gritar, mas não havia jeito: ela não conseguia. Ela já estava ofegante, chorando de aflição, a camisola estava transparente de tão molhada. Foi então que, talvez por obra do inconsciente, ela acordou. Com um susto e seu blusão encharcado, ela sentou-se rapidamente em sua cama, num impulso. Nervosa, tentou gritar. Mas o grito não saía.

Marina Martins

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