terça-feira, 6 de novembro de 2012

“Às vezes te odeio por quase um segundo, depois de amo mais”


Eu te odeio. Você me fez passar três horas morrendo de fome, sabendo que eu estava morrendo de fome, e nem percebeu. Você não prestou atenção; nem em mim, nem em nada. Aliás, prestou sim: em você mesmo. E sabe o que mais odeio em você? O fato de eu não conseguir odiá-lo quando eu mais quero. Você não consegue não ser fofo. Enquanto eu tento sustentar-me em minha postura de irritada, você me aparece na mão com uma miniatura de gaita. Uma miniatura de gaita! Como consegue ser tão irritantemente fofo? A gaitinha era menor que o seu mindinho! Sem querer, perco a compostura e sorrio. (É sorriso de ódio!) Aos poucos, vou sendo levada pela sua fofura. Impossível odiá-lo por mais de um segundo. Não consigo, pretendo e acho que nunca vou conseguir. Eu gosto de não conseguir. Então, percebo o quanto o amo. Eu amo o fato de não saber odiá-lo. Chego em casa e lá está a minha cama, do jeitinho que você a deixou, arrumadinha e com os meus bichinhos deitados e cobertos. Agora cá estou, deitada (infelizmente, sem você ao meu lado), amando te amar. Estou lembrando de como você conseguiu me aguentar em mais uma das minhas crises de sensibilidade hoje. Nossa, cara, você é incrível. Eu te amo.

Marina Martins

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