Sem sentido
Ele pensava que de nada mais adiantava
Afinal, o céu só aparecia nublado
A alegria não mais pairava
Ao começo do dia, ele já encontrava-se acabado
Não brilhava mais aquela estrela
A lua não mais iluminava seus caminhos
Nas noites, queria apenas vê-la
Nos dias, apenas ouvir os passarinhos
Já não sentia prazer em pisar na areia
O mar parecia estar sofrendo
Já não via mais graça na vida alheia
O mundo não estava mais o compreendendo
Era o único nas pedras do Arpoador
Fazia um frio quase glacial
Sua alma se contorcia de dor
E seu corpo, de pé, fazia um esforço imoral
Sentiu a lágrima quente molhar seu rosto
E olhou fixo para o mar
Naquele dia de agosto
Seu corpo foi o único a flutuar
Marina Martins