domingo, 11 de setembro de 2011

207


Sem sentido

Ele pensava que de nada mais adiantava
Afinal, o céu só aparecia nublado
A alegria não mais pairava
Ao começo do dia, ele já encontrava-se acabado

Não brilhava mais aquela estrela
A lua não mais iluminava seus caminhos
Nas noites, queria apenas vê-la
Nos dias, apenas ouvir os passarinhos

Já não sentia prazer em pisar na areia
O mar parecia estar sofrendo
Já não via mais graça na vida alheia
O mundo não estava mais o compreendendo

Era o único nas pedras do Arpoador
Fazia um frio quase glacial
Sua alma se contorcia de dor
E seu corpo, de pé, fazia um esforço imoral

Sentiu a lágrima quente molhar seu rosto
E olhou fixo para o mar
Naquele dia de agosto
Seu corpo foi o único a flutuar

Marina Martins

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