O samba toca, ele pensa em você. Ele te olha, mas você nem nota; seus olhos estão fechados e você sente a música. Ele estuda a geometria e a leveza de seu corpo, percebe a perfeição de suas curvas, enquanto observa seus pés levemente tocando o chão e suas mãos rebolando na ponta de seus braços. Seus cabelos voam e, delicadamente, fazem como uma cortina que tampa seu rosto angelical. Mesmo assim, a cortina não deixa com que seu sorriso branco se esconda e este reluz nos olhos verdes e brilhosos dele. Ele se imagina com as mãos entrelaçadas em seus cabelos, beijando seus lábios e ficando todo borrado de batom vermelho, enquanto tenta te acompanhar na dança. Você canta, ele se encanta. Você remexe, ele se mexe. Ele pega o cavaquinho e cantarola um sambinha de autoria própria. Você dança e sorri gentilmente para ele, sem notar que a música te descreve. Você canta, pois, assim, os males espanta; ele enfia a cabeça por entre os homens para te ver. Você chora quando o samba acaba; ele chora por ainda não te ter.
Marina Martins
Nenhum comentário:
Postar um comentário