Na
verdade, abri o Word para estudar, mas acabei me inspirando para escrever isto
aqui depois de lavar louça. Sentei para estudar Schopenhauer, filósofo
pessimista, que afirma que o mundo é de todo cruel. Somos todos infelizes e,
quando achamos que estamos felizes, voltamos ao nosso estado de infelicidade. Para
vivermos bem, temos que ser ascéticos, ou seja, nos livrar de todas as nossas
vontades. To-das. Resumindo, é isso. Também estou estudando a filosofia de
Nietzsche, filósofo trágico. Trágico porque aceita a descrição do caos e da
vida sem sentido. O livro aborda os dois pensamentos e se chama O Pessimismo e suas Vontades. Eu estou
gostando de aprender sobre eles, estou gostando do livro, das aulas sobre eles,
mas isso não quer dizer que eu concorde. Pelo contrário.
Hoje,
a professora disse, em aula, que a melhor coisa da vida é a morte. Schopenhauer
também pensava assim. Ela também disse que sortudos são aqueles que morrem aos
18 anos. E que todo dia ela pede a Deus para morrer. Se você pensou “uau”, essa
foi a reação que tive também. E “que pena”, porque, realmente, é uma pena alguém
pensar assim. Ainda bem que eu e grande parte dos seres humanos não pensamos
dessa forma.
Por
que eu pensei nisso tudo lavando a louça? Bom, a Jane, que trabalha aqui em
casa às terças e quintas, não vem amanhã por conta da greve dos ônibus. Assim,
minha mãe falou: “a pia é toda sua”. Normalmente, segundas e quartas à noite
são os dias que podemos nos liberar dos pratos, mas hoje eu tive que me
responsabilizar por eles. E pelas panelas, copos, potes, enfim. Já que eu tinha
bastante louça para lavar, peguei meu sonzinho, conectei meu iPod e deixei
tocar umas músicas bem dançantes. Se um desconhecido me espiasse pela janela da
cozinha, ia achar que eu tinha tomado um ácido e estava numa rave. Particular. No
claro. Desastrada que sou, me surpreendi por não ter quebrado nada. E lá estava
eu, na maior vibe, dançando ao som de “I follow rivers”, “Elle me dit”, “Waka
Waka” (tão nostálgica!) e algumas outras. Eu transformei uma coisa que poderia
ser chata em algo bem mais prazeroso e divertido. Me livrei do tédio, do qual
tanto fala Schopenhauer.
Enquanto
estava escrevendo esse texto, minha mãe apareceu no meu quarto me oferecendo um
“sorvetinho de doce de leite”. Hesitei, mas acabei aceitando. Ela entrou de
novo, com o “sorvetinho” na mão e disse “com amor”. Minha mãe fez o simples ato
de me dar um sorvete se tornar algo amoroso. Para Schopenhauer, o amor é pura
ilusão. Minha professora disse que quem acredita nele é inocente. Tudo bem, eles
dizem isso se referindo ao amor romântico, mas achei válido citar aqui.
Eu
sou uma pessoa feliz. Quando eu era pequena, meus pais me falaram, um dia: “Nossa,
Nina, como você ta feliz!” e eu respondi: “Eu sou uma criança feliz”. E sabem
de uma coisa? Isso não era ilusão, muito menos inocência de criança. Por mais
que existam problemas, momentos tediosos e infelizes, eu sou uma pessoa
privilegiada. Tenho comida no prato todo dia, estudo em uma Universidade que
adoro, tenho um namorado que me ama de verdade (olha só, a inocente aqui
acredita no amor romântico, que boba!), amigos que me amam, família que me ama
e eu amo todos eles de volta... e eu vou ficar perdendo o meu tempo reclamando
de barriga cheia? Por favor, né! É claro que tenho meus momentos de pessimismo,
de angústia, mas ainda bem que não sou todos. E nem a maioria. Nem perto disso!
E se isso tudo de vida feliz é uma bobagem... como é bom ser boba!
Marina Martins
Um comentário:
Excelente com estrelinhas. =)
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