segunda-feira, 12 de maio de 2014

O Otimismo e suas Vantagens



Na verdade, abri o Word para estudar, mas acabei me inspirando para escrever isto aqui depois de lavar louça. Sentei para estudar Schopenhauer, filósofo pessimista, que afirma que o mundo é de todo cruel. Somos todos infelizes e, quando achamos que estamos felizes, voltamos ao nosso estado de infelicidade. Para vivermos bem, temos que ser ascéticos, ou seja, nos livrar de todas as nossas vontades. To-das. Resumindo, é isso. Também estou estudando a filosofia de Nietzsche, filósofo trágico. Trágico porque aceita a descrição do caos e da vida sem sentido. O livro aborda os dois pensamentos e se chama O Pessimismo e suas Vontades. Eu estou gostando de aprender sobre eles, estou gostando do livro, das aulas sobre eles, mas isso não quer dizer que eu concorde. Pelo contrário.

Hoje, a professora disse, em aula, que a melhor coisa da vida é a morte. Schopenhauer também pensava assim. Ela também disse que sortudos são aqueles que morrem aos 18 anos. E que todo dia ela pede a Deus para morrer. Se você pensou “uau”, essa foi a reação que tive também. E “que pena”, porque, realmente, é uma pena alguém pensar assim. Ainda bem que eu e grande parte dos seres humanos não pensamos dessa forma.

Por que eu pensei nisso tudo lavando a louça? Bom, a Jane, que trabalha aqui em casa às terças e quintas, não vem amanhã por conta da greve dos ônibus. Assim, minha mãe falou: “a pia é toda sua”. Normalmente, segundas e quartas à noite são os dias que podemos nos liberar dos pratos, mas hoje eu tive que me responsabilizar por eles. E pelas panelas, copos, potes, enfim. Já que eu tinha bastante louça para lavar, peguei meu sonzinho, conectei meu iPod e deixei tocar umas músicas bem dançantes. Se um desconhecido me espiasse pela janela da cozinha, ia achar que eu tinha tomado um ácido e estava numa rave. Particular. No claro. Desastrada que sou, me surpreendi por não ter quebrado nada. E lá estava eu, na maior vibe, dançando ao som de “I follow rivers”, “Elle me dit”, “Waka Waka” (tão nostálgica!) e algumas outras. Eu transformei uma coisa que poderia ser chata em algo bem mais prazeroso e divertido. Me livrei do tédio, do qual tanto fala Schopenhauer.

Enquanto estava escrevendo esse texto, minha mãe apareceu no meu quarto me oferecendo um “sorvetinho de doce de leite”. Hesitei, mas acabei aceitando. Ela entrou de novo, com o “sorvetinho” na mão e disse “com amor”. Minha mãe fez o simples ato de me dar um sorvete se tornar algo amoroso. Para Schopenhauer, o amor é pura ilusão. Minha professora disse que quem acredita nele é inocente. Tudo bem, eles dizem isso se referindo ao amor romântico, mas achei válido citar aqui.

Eu sou uma pessoa feliz. Quando eu era pequena, meus pais me falaram, um dia: “Nossa, Nina, como você ta feliz!” e eu respondi: “Eu sou uma criança feliz”. E sabem de uma coisa? Isso não era ilusão, muito menos inocência de criança. Por mais que existam problemas, momentos tediosos e infelizes, eu sou uma pessoa privilegiada. Tenho comida no prato todo dia, estudo em uma Universidade que adoro, tenho um namorado que me ama de verdade (olha só, a inocente aqui acredita no amor romântico, que boba!), amigos que me amam, família que me ama e eu amo todos eles de volta... e eu vou ficar perdendo o meu tempo reclamando de barriga cheia? Por favor, né! É claro que tenho meus momentos de pessimismo, de angústia, mas ainda bem que não sou todos. E nem a maioria. Nem perto disso! E se isso tudo de vida feliz é uma bobagem... como é bom ser boba!

Marina Martins

Um comentário:

Luiz Favilla disse...

Excelente com estrelinhas. =)