terça-feira, 19 de agosto de 2014

Marina Meireles Drummond de Moraes Leminski

Para apresentar no Caminhos Poéticos, projeto que acontece todo ano na Escola Parque e estimula os alunos a se relacionarem com prosa, poesia e música, resolvi fazer algo que misturasse a minha autoria com a dos meus quatro poetas preferidos. Assim, criei textinhos ou poeminhas construídos por versos e trechos de Cecília Meireles, Carlos Drummond de Andrade, Paulo Leminski e Vinicius de Moraes, com pequenas alterações em alguns deles. Dividi em três partes: versos que identifiquei a minha própria pessoa, versos sobre poesia, versos sobre amor. Aí está o resultado:


I



Por todos os lados, o mar me rodeia. Das águas sou filha, a água nos meus olhos brilha. Deitada na areia, percebo que só uma nuvem me separa das estrelas. Vazio agudo... ando meio cheia de tudo. Por isso canto. Canto porque o instante existe, e assim, minha vida está completa. As coisa vêm, mas elas também se vão. Pelo menos sei que mesmo findas, muito mais do que lindas, elas ficarão. Haja hoje para tanto ontem! Ah, não sei! É confusa a vida! Mas eu distribuo um segredo como quem anda ou sorri: it’s only life, but i like it.

II - Deixe as palavras à poesia

Poesia, ai!...
Só te inventa quem te precisa.
Não disse alguém que o homem escreve para matar a morte?
Sinto necessidade de escrever, o que, não saberia dizer.
Eu escrevo apenas, tem que ter por quê?
Escrevo. E pronto.
Escrevo porque preciso
Ninguém tem nada com isso.
Escrevo porque amanhece.
E as estrelas lá no céu
Lembram letras no papel,
Quando o poema me anoitece.
Poeta é
Quem se considera
Aprendi novas palavras
E tornei outras mais belas.
Com as lágrimas do tempo
E a cal do meu dia
Eu faço o cimento
Da minha poesia.
Ainda vai vir o dia
Que tudo o que eu diga
Seja poesia

III - Amor

Que pode uma criatura senão,
entre criaturas, amar?
Amando,
Aumenta
Até duas mil vezes
O tamanho!
Este o nosso destino: amor sem conta
Crê apenas no amor.
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Amor, então,
também, acaba?
Não, que eu saiba.
O que eu sei
é que se transforma
numa matéria-prima
que a vida se encarrega
de transformar em raiva.
Ou em rima.
Nosso tempo parecia pouco
E a gente se parecia muito.
A dor, sobretudo,
Parecia prazer.
Hoje, a noite é enorme.
Tudo dorme, menos teu nome
Parece que foi ontem.
O resto, as próprias coisas contem.
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Ouve como o silêncio se fez de repente para o nosso amor!

No jeito mais natural, dois carinhos se procuram.

Só quando estamos em nós, estamos em paz, estamos a sós.

Nada como um dia indo atrás do outro vindo, você e eu sonhando e dormindo.

O outro que há em mim é você.

Minha vida é a tua, tua morte é a minha.

Minha vida, nossas vidas, formam um só diamante.

Numa sempre diversa realidade, amo-te como amigo, amo-te como amante.

Eu te amo com grande liberdade.

E te amo além, presente na saudade.

A cada instante e dentro da eternidade.
Quero vivê-lo em cada vão momento, rir meu riso, derramar meu pranto.
E assim, eu possa me dizer do amor que tive:
Que não seja imortal, posto que é chama, mas que seja infinito enquanto dure.
 

Um comentário:

Unknown disse...

Adorei! São meus poetas favoritos também!