sábado, 22 de abril de 2017

Cebola

(encontrei a imagem no pinterest)

Adormeceu quando o dia já raiava e amanheceu quando já estava pela metade. Espreguiçou-se e permaneceu uns minutinhos em sua preguiça. Levantou, foi até a cozinha e colocou uma música para acompanhá-la ao fazer o almoço. Colocou a água para ferver, separou o macarrão, o alho, a cebola, os ingredientes do molho de tomate. A música tocava e a cabeça pulsava como o coração em ritmo intenso, embalados pelas músicas. Muita coisa e muita gente fazia com que eles pulsassem em (des)harmonia. Muita coisa, muita gente, muita coisa, pouca gente, muita coisa, essa gente. Como de costume, começou a chorar. As lágrimas escorriam de seu rosto enquanto preparava tudo. Nostalgia, saudade, ansiedade, incerteza, sentimentos. Tanta coisa, tanta gente, tanta coisa, pouca gente, tanta coisaaaaaaaaaaaaa –

Nheeeeé

Alguém abriu a porta da cozinha.

Recompõe-se. Engole o choro. Funga. Passa a mão com cheiro de alho pelo nariz e embaixo dos olhos. Respira num sorriso. Vira-se.

- Oi!
- Oi... ei! Que houve, você ta chorando?
- Nãaao, não. É só a cebola.

É só a cebola.

Marina N. Martins

Nenhum comentário: