segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Do começo ao fim

Texto inspirado no filme "Do começo ao fim". Recomendadíssimo, por sinal.

E foi aí que nossos olhos se encontraram. E nunca mais se perderam. O céu que transcendia e transmitia neblinas azuladas que se deviam aos sonhos que alados voavam, cresciam, eram. O mundo que aconteceu dentro da imensidão dos seus olhos castanhos é a memória e a prova infundível de que aquilo era verdade. Eu estava coberto por uma satisfacão que nunca havia tido antes. Meu corpo parecia estar flutuando sobre o céu que era transmitido por seus olhos. Mas ao mesmo tempo, eu tinha medo. Medo de que o meu mundo agora fosse fundido como um castelo de cartas, frágil, dócil, simples e complicado como um castelo de cartas. Meu peito pesava esmagando-me os ossos e a carne, e o palpitar do seu coração esfriava-me os lábios etrecortados e abertos pelo medo que se apoderava de meu corpo. Naquele momento parte do meu medo havia ido embora, pois, em seus bracos, eu me sentia quase que completamente seguro. Seguro do que estava acontecendo, seguro do que estava fazendo, seguro de mim. Seguro de nos. Naquele momento eu sabia que era aquilo que eu procurava, aquilo que eu mais queria. Era um simples toque de afeto, um simples abraço de amor, uma simples frase de carinho. Estava ali a pessoa que eu procurava, eu nao tinha mais dúvida. Pelo contrário, eu tinha só certeza. A certeza de que as palavras embaralhadas na minha garganta seca e dolorida, germinariam dando origem às mais belas flores. Flores que cresceriam no seu jardim. Certeza do tempo sem horas, minutos ou segundos. Um tempo nosso, e só nosso. Certeza de que o naufrágio por sobre meu passado de dor se erradicaria, e faria do eterno amor uma jangada rumo à liberdade. Sentia meus músculos contraídos debaixo da minha pele que ardia com o fogo corrosivo de uma paixão tangível. Senti certeza, talvez isso e mais nada. Talvez muito mais. Foi ainda envolvido por aqueles braços que comecei a pensar no futuro, no nosso futuro. Pensei no que seria de nós dois. Mas aí resolvi parar de pensar no depois e só curtir. Curtir o presente e pensar no agora. A partir daquele momento nós éramos uma alma e dois corpos. Uma paixão, dois homens e três palavras. E o medo que eu sentia foi levado pelo oceano de lágrimas que meus olhos jorravam. Lágrimas de emoção, de felicidade. Lágrimas que me deixavam com a mais pura certeza de estar fazendo a coisa certa.



Marina Martins e Martina Davidson

Liberdade. - Blog da Tina. E se isso conta alguma coisa, é super indicado por mim.

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