segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Bem...

Dorme bem e sonha bem também, meu bem.

266

poeminha sem saco

há vezes em que a vontade
é de largar tudo simplesmente
não chorar mais até tarde
parar de surtar de repente

aprendo tantas coisas para nada
coisas que eu não queira dar bola
mas se faço alguma coisa errada
a nota fica ruim e vou mal na escola

não quero mais resolver problemas
de estatíscicas ou de vetores
se eu vou me formar em cinema
é mais importante estudar diretores

Marina Martins, mais uma vez irritada com os números.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

265

Enquanto a guitarra gentilmente geme

Vejo as nuvens cobrirem o negro céu
E ouço as cigarras começarem a cantar
Enquanto as primeiras gotas molham pedaços de papel
E os passarinhos voam para não se molhar

Vejo as ondas bravas da praia do Leblon
E a lua começando a ser escondida
Pelas nuvens, que se comunicam com seu som
Enquanto o planeta gira a vida

Vejo a mesa de jantar já sem o jantar
E meu amor sentindo um pouco de frio, treme
Enquanto está cochilando ao sofá

Estico o cobertor para meu amor se cobrir
Enquanto a guitarra de George ou Clapton gentilmente geme
Não existe motivos para eu não sorrir

Marina Martins, inspirada pela música "While my guittar gently weeps", de George Harrinson

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

264

(Não) mande notícias

Se não te preocupas verdadeiramente,
pra que te ocupar de tua mentira,
por que ocupas tua mente
com falsidade que aumenta minha ira?

Se querer seguir com falso cuidado,
fingindo que desejas me dar carinho,
pretendo não seguir a seu lado,
prefiro que continue tua vida sozinho.

Marina Martins

domingo, 12 de fevereiro de 2012

263

Nós em nós

se nós
nos
déssemos um
nós
seríamos um só
cheio de
nós

Marina Martins

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Re(a)presentando-me

Não me fale o que ou quem sou. Muito menos o que ou quem eu devo ou deveria ser. Eu sou isso daqui. Sou meu passado, meu presente e meu futuro. Sou meus sonhos, minha realidade, meus sentimentos, meu estilo, minha escrita, meus desenhos, minhas músicas, minhas cores. Sou minha própria personagem, que divide o palco da vida com as personagens dos outros. Eu sou minha própria peça de teatro, meu filme de drama, comédia, aventura, romance. Sou cada palavra que falo e, como elas, às vezes me saio errada. Eu sou isso. Isso é a minha personagem. E aplausos para esta grande peça teatral a que chamo de VIDA.

Marina Martins, que escreveu esse texo em letras um tanto garrafais nas suas gavetas, durante um momento bastante sentimental.

262

Interiores alados

Não posso ser como gaiola de meus sentimentos
Preciso me abrir e deixá-los voar
Tenho de deixar cada um deles isento
E não dispensá-los somente ao chorar

Choro para desamarrar o nó na garganta
Escrevo as emoções, mas nem sempre as falo
Minha cabeça grita, enquanto a voz canta
Que meus sentimentos não possuem intervalo

Quanto aos sonhos, estão guardados
Não irei esmagá-los feito bola de papel
Se sinto que eles querem voar para serem vivenciados
Seguro-os um pouco mais, olhando para o céu

Marina Martins

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

"Caminhando contra o vento"

Eu simplesmente não consigo entender a necessidade do ser humano em desde sempre ter de se colocar em posição superior a alguém. Sinceramente, qual é a vantagem que se tem em se sentir superior? Não dá para ser igual? Se todos fôssemos iguais, não haveria “o inferior” e as pessoas que se sentem inferiores jamais se sentiriam dessa forma. Por que todos têm sempre que querer mais do que podem e querer sempre mais e mais? Enquanto eu caminhava pela areia, de Ipanema ao Leblon, eu pensei em algumas de minhas ambições: sol, lua cheia, céu, por do sol, cores, mar, areia. E eu estava conseguindo aquilo naquele momento. Por mais que eu estivesse um pouco triste, sentida ou nervosa, aquilo me deixava muito bem. E por mais que o vento que batesse fosse frio e estivesse me fazendo espirrar e tossir como uma alérgica paranoica, eu estava bem. Eu estava sã e meu corpo, são.

Mas voltando ao aspecto da superioridade, lá estava eu, andando de costas para olhar a lua cheia e branca e me peguei pensando: “Se até o Sol, nosso astro-rei, nosso astro, nosso rei, se esconde e empresta seu brilho para a Lua, por que as pessoas não podem ser assim? Nós não veríamos a Lua se o Sol não fosse assim e é como se ele tivesse a total consciência de que, para podermos apreciar a beleza da Lua, ele tem de emprestar a ela seu brilho. Nós não podemos admirá-lo, nós o aproveitamos. Se ficássemos admirando-o, terminaríamos cegos. E é por essas e outras que seu brilho se divide entre ele e a Lua, ao entardecer, e torna-se por completo dela quando já está de noite.” Eu tenho de agradecer ao Sol, pelas coisas e cores que ele me oferece e, é claro, à Lua. Esta me acompanha onde quer que eu vá e, assim como o Sol, sempre me deixa mais feliz.

O que eu quero é ser feliz, quero as ambições citadas acima e mais algumas. Algumas que fogem, sim, de meu alcance, mas que jamais são pensadas para que eu me sinta superior. Quero mesmo é continuar sendo quem eu sou, sendo autêntica e eu mesma. Não me importo se me julgam pela minha beleza, pelo meu corpo, pelos meus olhos, pelo tamanho do meu cabelo ou do meu bumbum. Tenho pena de quem perde o tempo falando das minhas roupas, do meu estilo, ou quiçá da minha alegria de viver. E quero longe de mim todos os sentimentos de inveja, pois estes são os piores que existem. E espero que não existam em relação a mim. Tenho pena de quem me julga por ser “feliz demais”, por estar “sempre feliz”. Se existem essas pessoas, elas definitivamente não me conhecem. Não sabem que ninguém é feliz o tempo inteiro. Não sabem que eu choro em casa, choro na escola, choro na rua e choro enquanto ando na areia, de Ipanema ao Leblon, pensando em tudo o que pode me inspirar a fazer um texto.

A propósito, eu assisti a esse show dele com a Maria Gadu, e quando ele disse que "na idade dela, estava fazendo mais ou menos isto aqui, e começou a cantar "Alegria, Alegria", não pude segurar as lágrimas.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

261

Processo afetuoso

como se muda de humor
e se transforma o comportamento
em um instante de amor
em um exato momento

dois corpos ofegantes
a mente sã, o corpo são
as respirações gritantes
mil palpitações de um coração

os corpos são fundidos
como se fossem metais
prontos para serem aquecidos
e para terminarem em paz

Marina Martins

260

Não se pode chamar de comédia*

As ruas decoradas para o Carnaval
Deixavam o Rio como um poço de cores
Não havia mais tempo para baixo astral
Dava até para reviver antigos amores

Quando vi as cores do olhar de certa menina
Um novo amor desabrochou em mim
Decidi então chamá-la de Colombina
Para poder ver se eu viraria Arlequim

A banda passava e ela também
O coração latejava de desejo
Resolvi tentar ir além
Pois queria seu amor, não só um beijo

A música trocava os nossos olhares
O coração batucava dentro da blusa
Com tanto barulho, brincos, colares
Minha cabeça já ficava confusa

Eu não pensei que ela fosse capaz
De transformar meu Carnaval em terror
Mas quando Colombina escolheu outro rapaz
Eu descobri que terminava sendo Pierrô

* Colombina, Arlequim e Pierrô são originalmente personagens da chamada “Comédia dell’arte”.