quarta-feira, 9 de julho de 2014

Nós e nosso sete a um. E a Dilma. E a Argentina. E tudo isso aí.



Eu não entendo muita coisa de futebol. Então, este texto está longe de ser uma avaliação do que foi ou não jogado durante a Copa do Mundo, ou uma crítica em relação à atuação do Brasil. O que entendo de futebol é o básico e, portanto, o óbvio para a maioria das pessoas. O lado da Copa que quero tratar foi o que eu vivenciei, e sei que muita gente também, o lado mais sentimental. Afinal, eu sou do tipo de pessoa que comenta “aiiii que dó, ele ta chorando!” em vez de “estava impedido!”. Nos jogos, eu não percebo só os ataques, as defesas e tudo mais, eu analiso as reações, a torcida, os corpos e os cabelos dos jogadores, as roupas dos técnicos e por aí vai. Bem, ontem nós perdemos. Perdemos feio. Perdemos como nunca imaginei que fosse ver o Brasil perder. 5 a 0 em meia hora. 7 a 1 em uma hora e meia. Foi brabo ter que assistir a isso. Já via gente andando na rua, que tinha desistido de ver o jogo, gente chorando, eu estava gritando que nem uma surtada, nunca falei tanto palavrão em um intervalo de duas horas. E não me desculpo por isso. O desespero estava grande, o jeito era xingar todo mundo mesmo.

            Apesar de não ser fã de futebol, na Copa sou fanática. Torço de corpo e alma, berro, sofro, me divirto, quero me matar, matar os outros, essas coisas intensas. Ontem, eu estava feliz. Acordei e estava com meu povo. As ruas estavam decoradas, as pessoas uniformizadas, a energia estava muito boa. É que eu cheguei de viagem na sexta, durante o jogo do Brasil contra a Colômbia. Era legal assistir aos jogos na França, torcer pelo Brasil, vestir a camisa e as pessoas virem falar comigo nas ruas, mas é muito melhor estar em casa. Aqui a gente sofre junto, vibra junto, e se tem alguém secando a gente, a pessoa vai ficar quietinha rapidinho, porque brasileiro não aguenta que falem mal do povo dele, não. Não no futebol.

            Ontem, vendo o jogo, eu não estava acreditando. Aquela sequência de gols me deixou abobalhada. Eu via aquilo e parecia que via replay, gol impedido, pegadinha, qualquer coisa! Eu só não acreditava que era a Seleção Brasileira perdendo de 5! Chorona que sou, ontem não chorei. A ficha simplesmente não tinha caído. Só fiquei com lágrimas nos olhos quando vi o David Luís aos prantos, falando aquelas coisas todas. Tadinhos dos nossos jogadores. Eles carregam um peso e uma pressão de um povo inteiro só por causa de um esporte! Somos o País do Futebol mesmo. O que eu vejo aqui, não vejo em lugar nenhum do mundo. É muito bonito, mas a gente acaba sofrendo mais do que deveríamos sofrer. Quando o assunto é sentimento, somos intensos mesmo.

            Vergonha, vexame, humilhação. É claro que a gente pensou em tudo isso durante o jogo. Mas o maior jornal do Rio de Janeiro precisava MESMO ter estampado isso na capa? Que sensacionalismo barato! Que coisa mais amadora! Parece a manchete de um jornal que precisa vender loucamente. Achei essa capa ridícula. É claro que foi um placar vergonhoso, mas imagina os caras da seleção lendo isso! Além de sensacionalismo, foi uma falta de respeito. Ah, sei lá, foi ridículo mesmo. Vergonha eu to dessa capa imbecil de jornal.

Tudo culpa do PT. Ouvi muita gente dizendo que a Copa foi comprada. O lado bom da nossa derrota ontem foi o fato de ela calar a boca de cada um que poluiu meus ouvidos com essa babaquice. A galera gosta de uma teoria da Conspiração... as pessoas gostam de sempre acusar alguém de alguma coisa, mesmo que seja algo absurdo e sem fundamento. E agora tem gente dizendo “fora Dilma” e o escambau no Facebook, tudo porque o Brasil foi eliminado da Copa. Realmente, gente, foi tudo culpa da Dilma. Foi a Dilma que comprou a Copa, mas acho que o dinheiro não foi suficiente, então também foi a Dilma que fez a Alemanha ganhar de 7x1 do Brasil. Faz sentido né? Ah, façam-me o favor! Se a Dilma fosse técnica da seleção brasileira, eu ia entender a ligação dela com a nossa eliminação. Mas, de novo, façam-me o favor!

Bom, a verdade é que a gente sofre mesmo. Hoje, a rua está menos amarelinha, menos alegre, mas a vida continua. A gente gosta de futebol de verdade, mas nossas vidas não se resumem a ele. Eu estou triste, até agora estou me perguntando se foi tudo verdade, mas tudo bem. Já foi e está fora do meu controle. Do meu, do seu, do dele. Esporte é isso aí: uns perdem, outros ganham. Uns choram de tristeza, outros de alegria. Uns ficam bêbados pra esquecer, outros pra comemorar. E vida que segue! Agora o nosso papel é: secar a Argentina, gente! Eu estava até pensando em torcer pra eles, mas depois de ontem desisti. Vamos Holanda! Sete a um é demais pra minha cabeça, agora o jeito é sofrer pela Holanda. Ah, e rir da própria desgraça, claro. Brasileiro sabe bem fazer isso!

Marina Martins, se perguntando até agora: "por que o Fred, Felipão?"

Nenhum comentário: