quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Aos pequenos prazeres da vida.

À Beatrice Moss.

"Pedrinhas de areia"

Eu chego à praia e começo a passar meus pés descalços por cima de todas as pedrinhas de areia. Alegro-me pela presença de um grande número delas. Estico a canga no chão e sento-me sobre ela. Compro um Globo doce e um Matte Leão geladinho. Ao final do biscoito, devoro todos os farelos e me sujo com eles. Deito na canga. Começo a esfolar as pedrinhas de areia que estão debaixo dela. Aproveito cada etapa de seu esfolamento até chegar ao final. Depois, fico um pouco mais ousada e resolvo esfolá-las diretamente com minhas mãos, sem a canga por cima. Aproveito mais ainda seu esfolamento. Mas antes, dependendo do tamanho delas, faço um buraco no meio de uma, até ela se partir em duas e, dessa forma, esfolo as duas. Após um tempo de praia, levanto, sacudo minha canga esfarelada de farelos de polvilho e de areia, e volto a pisar nas pedrinhas de areia, esmagando-as pouco a pouco com meus pés, enquanto caminho de volta à calçada.

Sorvete e calda de chocolate

A sobremesa chega à mesa ao lado. Nós olhamos para o doce e depois nos olhamos, com sorriso e olhar cúmplices. “Você vai querer sobremesa?” “Acho que sim.”. Isto basta. Passamos o momento final de nossas comidas saboreando com os olhos a sobremesa da mesa ao lado. Então, finalmente chega a nossa hora. Pedimos o mesmo doce. Ele chega à mesa. Eu pego a jarrinha de calda de chocolate e a despejo quase por inteiro por cima do sorvete de creme. Minha pele se arrepia. Suspiro. Pegamos nossas colheres e enfim, pegamos o primeiro pedaço da sobremesa. Minha pele se arrepia. Ao final do doce, nos restam apenas um sorvete quase derretido e uma calda espalhada. Brincamos com os restos mortais e fazemos caminhos de chocolate e sorvete pelo prato. Divertimo-nos durante alguns minutos com a nossa brincadeira infantil, experimentando diferentes modos satisfatórios de mexer com a colher na calda e no soverte já derretido. Minha pele se arrepia. Ao final de tudo, paramos para pensar: o que deu mais prazer? Será que foi a sobremesa ou será que foi o que restou dela?

Marina Martins

2 comentários:

Beatrice disse...

Nina você conseguiu descrever perfeitamente (alguns de) nossos pequenos prazeres da vida. Muitos prazeres p serem identificados por nós ainda, aguarde.

Anônimo disse...

Nina, vc nos fez sentir a delicia de prazer que nos proporciona uma boa sobremesa. Bjs amada fila.