quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

O que esperar?

De mim, nada.

Não adianta sofrer pelo amanhã enquanto ainda se pode aproveitar o hoje. Sofrer pelo amanhã é válido quando esse amanhã já virou hoje. Mas, se isto tranquilizar, o amanhã, que virou hoje e faz sofrer, vai virar ontem, como tudo nesta vida. A vida é preenchida por passado, presente e futuro. Não adianta se lamentar do passado e nem querer revivê-lo, apenas relembrá-lo. Pode-se tentar copiá-lo, mas ele nunca será a mesma coisa, feliz ou infelizmente. Por isso, penso antes de falar, mas falo o que penso. Quem sabe assim eu me arrependo menos. Mas muitas vezes também penso demais e acabo não falando o que penso. Acabo me arrependendo. De que me adianta? Na maioria das vezes não vou conseguir voltar atrás, mas posso (e devo) seguir em frente. Como? Falando o que penso, mas pensando antes de falar. Talvez pensando um pouco menos.

Há quem diga que guardo muito meus sentimentos comigo. Verdade. Na maioria das vezes, eles se soltam de mim em forma de lágrimas. Às vezes em dança, música, teatro. De repente, enquanto eu não fale, nunca conseguirei livrar-me deles por completamente, tirar o peso e o espaço que ocupam. Muitos sonhos e nenhuma lógica, é assim que eu funciono. Vivo intensamente o presente, com a certeza de que ele vai virar passado, por isso sinto tudo tão profundamente. Alcanço cada pedacinho de sentimento, o que pode ou não ser bom. É assim que os filmes me fazem chorar, as músicas, às vezes as coisas mais bobas. Não tenho medo do futuro, e nem pressa para ele, tenho apenas curiosidade. De vez em quando, ansiedade, já que o futuro pode ser amanhã, semana que vem ou daqui a trinta anos.O que penso do meu futuro? Responderei quando ele for presente. Tentarei não pensar tanto antes de falar o que penso.

Mas é assim. Pretendo viver cada segundo por mais ou menos especial que ele seja, pois ele passa. Tudo passa, tudo passará. Por exemplo, alguém que eu tinha a certeza de que iria encontrar novamente, agora não tenho mais. Tenho a leve impressão de que sim, mas não é mais obrigação. Não acredito no destino propriamente dito. Não acredito que seja algo que nascemos com ele pronto, mas acredito que traçamos o nosso próprio. Nossas escolhas, nossas amizades, nossos amores, tudo isso faz com que construímos nosso destino, nosso futuro. Escrevo este texto falando o que penso, meio sem pensar e sem esperar. Não espero que gostem e nem que não gostem, não sei o que espero. Afinal, o que esperar do futuro se uma coisinha pode mudar em um piscar de olhos? É por essas e outras que pretendo, a partir de agora, pensar um pouco menos antes de falar.

Marina Martins

Nenhum comentário: