Sambaleando
(Nem ruim da cabeça, nem doente do pé)
(Nem ruim da cabeça, nem doente do pé)
Ela diz que vai morrer nesta favela
Quando ela passa, o batuque vai na mão
Ela sonha em ser da Velha Guarda da Portela
E desde pequenina arrasta os pés no chão
Se seu pai entra no quarto e a vê sambando
Dá-lhe um puxão de orelha e esconde o pandeiro
Diz que ela vai acabar não se achando
Diz que samba não vai dar dinheiro
Ela não dá bola e só sorri
Lembra ao pai que ele é bamba
O pai, rindo por dentro, sai logo dali
Afinal, nem ele resiste ao samba
Ela nem se dá ao trabalho de sambar escondida
Não se importa se o pai reparar
Ela diz que samba é estilo de vida
E que ninguém consegue fazê-la parar
E na roda, canta a cuíca, chora o cavaquinho
Ela arrasta as sandálias, balança a saia
Ela samba no pé só no miudinho
E quando vê, até o pai está na gandaia
De olhos fechados, ela canta todo o enredo
Enquanto sente vibrar a batida
O dia amanhece e o tarde vira cedo
Mas não se acaba nunca sua energia
No samba, a poesia é a tristeza
Que se transforma em alegria de qualquer maneira
Acaba a roda, ela sai com sua beleza
E sai de mansinho, sonhando em ser porta-bandeira
Marina Martins
Um comentário:
EEEEE!! Que bom que o filme foi um sucesso tao grande!!! Amei o poema! Ficou enorme! hahaha bjs
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