Os dedos caminham pelas costas; traçam rotas, estradas e rodovias. O alinhamento perfeito da imperfeição de linhas inexistentes constrói caminhos e traços de amor num simples caminhar de dedos no dorso. Os dez dedos brincam entre si e revezam-se no construir e desconstruir de uma obra imaginária e abstrata na parte traseira do tronco. As pontas dos dedos cansam e dão espaço às mãos abertas, que acariciam e servem de borracha para a literal abstração (in)existente nas costas quentes e, quem sabe, suadas. Os dedos voltam a perambular e dividem espaço com os lábios, que deixam marcas invisíveis de batom transparente e de amor. De repente, pode ser que as mãos se cansem de vez, mas apenas por um tempo, e, então, os braços abraçam. As mãos cansadas escorrem feito tinta a partir dos ombros e descem vagarosamente pela parte dianteira do tronco. Talvez comece um novo desenho. Um novo perambular de dedos e mãos e lábios e toques. Perambular que, talvez, terminará novamente na abstração e no infinito de paixão existente nas costas largas.
Marina Martins
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